Introdução

O volume de informações disponíveis para a população é imenso, e elas estão disponíveis nos diversos meios de comunicação de fácil acesso, como internet, rádio, TV e redes sociais. Porém, na área de saúde é necessário garantir que as informações disponíveis tenham um embasamento científico, pois é comum verificarmos a adoção de ações e práticas de saúde recomendadas pelos meios de comunicação.‍

Antes de abordamos o conhecimento científico e as pesquisas, vamos estudar um pouco sobre o conhecimento.

O conhecimento é uma forma de explicar os fenômenos observados, assim como um sistema de coleta, verificação e sistematização das informações sobre a realidade. É a explicação teórica do sujeito da inquirição e o processo metodológico de sustentação do conhecimento em uma disciplina.

“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (Ander-Egg, 1978, p. 15).

A ciência deve mostrar coerência; deve preocupar-se com campos definidos do conhecimento; deve ser preferencialmente expressa em declarações universais, deve explicar suas investigações e seus argumentos e as declarações da ciência devem ser ordenadas em forma lógica.

O homem produz diversos tipos de conhecimento na tentativa de explicar e compreender o mundo e dar sentido para as coisas. As principais formas de conhecimento são:

• Conhecimento popular: é o senso comum, também chamado de conhecimento vulgar. Baseia-se em informações obtidas por meio da convivência familiar e social, estrutura-se no que o indivíduo viveu, viu e ouviu de outras pessoas, interiorizando as tradições da sociedade. O conhecimento adquirido pelo conhecimento popular também é chamado de conhecimento empírico, o qual não necessita de comprovação científica.
• Conhecimento filosófico: caracteriza-se pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana; busca respostas na reflexão dos homens sobre si mesmos e sobre a realidade.
• Conhecimento religioso: conhecido como conhecimento teológico, fundamenta-se na ideia de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis por consistirem em revelações de uma divindade sobrenatural e das forças superiores. Esse tipo de conhecimento não admite questionamentos, não se baseia na razão, e sim, na Fé.
• Conhecimento científico: é o conhecimento real, que lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifesta de algum modo.

O conhecimento só é científico se for passível de verificação, ou seja, torna-se necessário descrever as operações mentais e técnicas que possibilitam obter o conhecimento. Para tanto, entende-se que o conhecimento científico é diferente do conhecimento comum e mais popular ao qual denominamos senso comum (Gil, 1999).

O conhecimento científico constitui um conhecimento contingente, pois suas preposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.

Ele deve ser:

• Sistemático: envolve o saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias e teoria e não engloba os conhecimentos dispersos e desconexos.
• Verificável: considera que as afirmações e hipóteses que não possam ser comprovadas, não pertencem ao âmbito da ciência.

Nesse contexto do conhecimento científico, destacamos a pesquisa.

A pesquisa científica pode ser definida como “um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos” (Rodrigues, 2009, p. 2).

A pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novo conhecimento e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo, que a realiza, quanto da sociedade, na qual ele, o indivíduo, se desenvolve.

A pesquisa tem como características ser:

• Verificável: passa a ser válido quando submetido a prova da experiência e demonstração;
• Racional: é formado por conceitos, julgamentos e raciocínios;
• Preditivo: pode fazer predições e ter informações prévias;
• Sistemático: constitui um sistema de ideias interligadas de maneira lógica, apresentando um conjunto de princípios fundamentais;
• Factual: atém-se aos fatos;
• Preciso: expressa fielmente e com clareza o pensamento;
• Falível: tem uma margem de erro;
• Analítico: faz análise do elemento estudado. Decompõe o todo em partes;
• Busca e aplica leis: utiliza de fórmula abstrata ou concreta do que é concordante com padrão estabelecido;
• Explicativo: explica os fatos reais em termos de lei e as leis da realidade em termos de princípio;
• Aberto: não é considerado definitivo. É mutável;
• Comunicável: possui a propriedade de toda a humanidade (função social).

Quem realiza a pesquisa pode, em um nível mais elementar, aprender as bases do método científico ou, em um nível mais avançado, aprender refinamentos técnicos de métodos já conhecidos.

A sociedade e a comunidade beneficiam-se com a aplicação do novo conhecimento gerado nos indivíduos que a compõe.

O conhecimento para poder ser chamado de conhecimento científico, deve obedecer aos rigores que impõe o método científico, sendo a reprodutibilidade a principal propriedade.

A definição de pesquisa é variada, compreendendo:

I. A pesquisa é um trabalho capaz de avançar o conhecimento.

II. Fazer pesquisa é descobrir algo que ainda não foi dito.

III. A pesquisa é uma realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência.

Para Gil (2002) pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar as respostas aos problemas que são propostos.

A pesquisa não é neutra, pois o pesquisador sempre se posiciona com base na coleta, análise e interpretação dos dados de um determinado fenômeno que pertence a uma realidade histórica e socialmente existente. É neste tratamento de investigação dos pensamentos e ações que se busca um determinado conhecimento.

Fazer pesquisa é crescer profissionalmente e adquirir conhecimentos refinados em uma determinada área do cuidar. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.

Gil (2002) aponta ainda que várias modalidades de pesquisa podem ser desenvolvidas pelo investigador científico, como:

• Pesquisa bibliográfica;
• Pesquisa documental;
• Pesquisa experimental;
• Pesquisa ex-post-facto;
• Estudo de coorte;
• Levantamento bibliográfico;
• Estudo de campo;
• Estudo de caso;
• Pesquisa-ação;
• Pesquisa participante.

Vamos conhecer como estão as publicações no mundo?

O Grupo Nature realiza uma avaliação das publicações nos diversos países. Para a composição da avaliação é usada a “contagem fracionada ponderada” (WFC, do inglês Weighted Fractional Count).

O WFC leva em conta a porcentagem de autores de cada país e o número de instituições afiliadas em cada artigo. O Ranking de 2017 é baseado nos dados Grupo Nature de 1 de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016.

Observa-se que o país que mais produz é os Estados Unidos. O governo federal americano desempenha um papel fundamental na produção de pesquisas, pois financia 53% de todo orçamento de pesquisa básica nos EUA, comparado com 22% do setor de negócios.

Ao verificar os primeiros colocados na lista, nota-se a presença dos países mais desenvolvidos.

Para que um país publique uma quantidade expressiva de pesquisas com qualidade, é necessário que o governo tenha um orçamento destinado para essa finalidade. Além disso, é fundamental a criação e a atuação de agências de fomento à pesquisa e do investimento do setor privado.

Também faz-se necessário a existência de um bom processo para aquisição dos materiais importados para a pesquisa. O país deve investir nas políticas de formação de pesquisadores e implementar ações que assegurem uma boa condição para que o pesquisador fique em seu país de origem e produza nele. Todos esses fatores são fundamentais para que o país seja capaz de desenvolver pesquisas de qualidade, que melhorem as condições de vida na sociedade.